2.6.11

#hotel-casa: jacaré casas em trancoso (BA)


[Quadrado de Trancoso, na verdade uma praça retangular sem asfalto, no centro do vilarejo, onde ficam as Jacaré Casas (©joão miguel simões, todos os direitos reservados)]

É fácil cair na tentação, por tudo o que se ouve e lê (não só no Brasil, também em outras partes do mundo), de dizer que Trancoso, tendo deixado há muito de ser uma novidade, está neste momento sendo tratado como uma espécie de revelação. 

Trancoso não está na moda. Nem se trata apenas de um fenômeno. Ascendeu antes à categoria restrita de destino jet-set, com uma frequência digna desse nome que não se limita, em muitos casos, a estar de passagem ou a ser um mero convidado VIP.

Óbvio que muitos dos nomes sonantes, ligados à moda, ao entretenimento, ao futebol e a outras atividades com purpurina, são presenças fugazes no Quadrado, apenas notadas porque para isso existem promotores e colunistas sociais sempre atentos. 

[Perspetiva geral da casa nº5 (foto de divulgação)

Há, porém, uma classe à parte, que transita na alta roda internacional, que não se deixa ver e raramente se mistura ao comum dos turistas, pois tem sua mansão de sonho nos condomínios privados que se estendem à volta do vilarejo, de preferência voltada para uma das praias menos frequentadas. Para que fique claro, estou falando de personalidades como um conde Philippe de Nicolay, descendente dos Rotschild, ou de um João Roberto Marinho, das Organizações Globo.

[O deck, imenso, da casa nº5 (©PSR/Rotas, todos os direitos reservados)]

É nessas casas, ao abrigo dos olhares curiosos, que muitos se refugiam e onde o boca-a-boca mais funciona em prol da fama ascendente de Trancoso. Nada mais natural que quem se possa dar a esse luxo, depois de experimentar o bem-bom de ser hóspede, se sinta tentado a também adquirir seu pedaço de paraíso. Não deixa de ser uma excelente jogada de marketing.

[Nas casas, a decoração foi assinada por Sig Bergamin (foto de divulgação)]


Fernando Droghetti, empresário paulista mais conhecido como Jacaré, foi um dos primeiros forasteiros a chegar, na década de 1970, quando Trancoso ainda se podia dizer uma aldeia piscatória. Os pescadores já se foram há muito, e os que ficaram preferem hoje prestar serviço aos ricos, mas Jacaré, que acompanhou a passagem do vilarejo de sensação hippie a acontecimento social, ficou. 


[No deck da casa nº2 (©joão miguel simões, todos os direitos reservados)]

Ficar é, entenda-se, uma forma de expressão, pois está habituado a dividir-se por vários locais do mundo e mantém  seu negócio, agora através da venda online, de decoração. O certo é que começou por ter uma pousada no Quadrado, que depois vendeu, até conseguir o pedaço de terreno desejado, também na praça, mas mesmo junto à igrejinha, com a melhor vista sobre o litoral. Nasceu assim o projeto Jacaré Casas.

[Cada casa possui sempre uma área privada de descanso ao ar livre (foto de divulgação)]

Droghetti aka Jacaré não acertou, porém, logo à primeira. Ou melhor, até acertou, pois teve desde sempre uma boa adesão ao seu conceito de providenciar a quem não tem casa na região – ou a sorte de ter um amigo que possua uma e goste de receber – um porto de abrigo, mas só a partir de Setembro de 2007, altura em que se deu a grande reforma, se pode realmente falar de um lugar que nos faz acreditar, por poucos ou muitos dias, que também nós, sem sermos milionários mas apenas bem remediados, nos podemos dar ao luxo de brincar às casinhas no Quadrado-Retângulo de Trancoso.

[Por dentro, todas as casas, com variações de tamanho e objetos personalizados, são assim (foto D.R.)]

Os 11 quartos deram então vez a cinco casas apenas, com decoração contemporânea de Sig Bergamin (que recorreu a algumas peças comercializadas por Jacaré, mas não só), nome bem conhecido no Brasil, e paisagismo de Gilberto Elkis. 

[O gramado do jardim, onde não faltam pontos para ficar a ver o mar (©joão miguel simões, todos os direitos reservados)]

Quem as vê por fora, não imagina o que lá vai por dentro. A maior é a nº 1, com dois quartos e chuveiro no exterior, mas são as nº 2 — onde tive já o privilégio de ficar e, posso assegurar, me senti nababesco — e n.º 5 que possuem os decks mais espetaculares, com cozinhas externas, cadeiras Eames e Butterfly ou camas de dia. Sem perder, claro está, pitada do panorama de fazer cair o queixo. Antes vinham mais brasileiros, presentemente mais estrangeiros, mas uns e outros apreciam a sensação de estar em casa, mas sem os inconvenientes de se estar, efetivamente, em casa. 

[A piscina de borda infinita, comum a todos os hóspedes (©joão miguel simões, todos os direitos reservados)]

O conceito hotel-casa certifica um atendimento personalizado e privacidade total. Nas áreas comuns, com três zonas de estar, bar de apoio e até uma cozinha exterior para preparar um jantar especial panorâmico, espaço de sobra para uma piscina de borda infinita, um pomar e várias cadeiras no gramado para se ficar a ver a vida passar. Sem pressas ou neuras. E não há praticamente impossíveis, tanto que o lema ali é que “do jegue ao helicóptero, tudo se arranja”.

Quadrado, Trancoso, tel. (73) 3668 1470, diárias desde R$588

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