21.4.11

#roteiro rápido: as delícias de pirenópolis (GO)

[No topo, da esq. para a dir.: casario colonial, rio das Almas, cachoeira Lagoa Azul; em cima, da esq. para a dir.: Pousada dos Pireneus, pamonhas, Pireneus Café (fotos de JMS, exceto pamonhas, D.R.)


Conheci Pirenópolis, ou Piri tout court, num fim-de-semana comprido por obra e graça de dois feriados bem certeiros, como acontece agora. A meio caminho entre Brasília e Goiânia, o pequeno município goiano, fundado por Bandeirantes no século XVIII, não é tão conhecido e promovido como Paraty, no Rio de Janeiro, ou Tiradentes, em Minas Gerais, mas não lhes fica a dever nada em matéria de charme, conforto, interesse histórico ou entorno natural. 


Que minha avaliação pessoal não induza, todavia, os mais distraídos em erro. Piri não é mais um segredo faz tempo e nos finais de semana, com ou sem feriado, é invadida por hordas de forasteiros que ali procuram um retiro bucólico, mas ainda assim animado.


Cercada pela serra dos Pireneus — uma liberdade poética que se deve aos imigrantes catalães, que, saudosos das montanhas que separam a Espanha da França, a batizaram assim —, a cidade possui um bom punhado de pousadas, fazendas e até uma estalagem (que eu saiba), mas uma das mais bonitas e preparadas é, precisamente, a que responde pelo nome de Pousada dos Pireneus Resort.


Os quartos são simples e funcionais, mas seu atrativo maior está nos jardins bem cuidados, com uma boa área de lazer que inclui piscina e até passeios a cavalo, na decoração colonial e no fato de apresentar uma ótima relação qualidade-preço (sobretudo nos pacotes, que podem incluir na diária, além do café da manhã, o jantar em sistema de bufê). Outra coisa a favor, eu acho, é ter crescido e evoluído para uma infra-estrutura de hotel sem perder o intimismo que se espera de uma pousada.


O casario colonial, conservado com brio e pintado de cores alegres, a ponte pitoresca sobre o rio das Almas, onde é comum haver gente a banhar-se, as várias igrejas, a feirinha na praça do Coreto, o antigo Theatro de Pyrenópolis e o Santuário de Vida Silvestre Vagafogo (para observar a fauna e flora típicas do cerrado) são, a par da animação noturna da rua do Rosário (conhecida por rua do Lazer), os maiores cartões postais de Piri.


Cumprido o roteiro "básico, recomendo que, pelo menos, visite uma das muitas cachoeiras que existem nas redondezas. A maioria, senão a totalidade, fica em fazendas que cobram entrada, mas vale muito a pena, sendo preciso apenas levar calçado confortável para caminhar, boa disposição e roupa de banho. Sem tempo para muito mais, elegi a Fazenda Bonsucesso, a curta distância da cidade, mas com 1300 metros de trilha e seis cachoeiras (como a da Lagoa Azul que aparece numa das fotos).

[Picolé de cagaita e broa do Pireneus Café (fotos de JMS)]

Deixei para o final, não digo o melhor, mas o que me deixou mais saudades. Além do ter encontrado algum artesanato interessante, sobretudo tapetes e colchas tecidos em algodão, eu vibrei mesmo foi com a variedade de doces e compotas caseiros — procurar as lojas da Da. Dora (rua Benjamin Constant, 50) e da Da. Enoi (rua do Bonfim, 61) —; os picolés artesanais Fruta Pura, produzidos em Goiás, com sabores do cerrado tão inusitados como cagaita (perguntei depois a muitos amigos meus brasileiros e nem eles conheciam o fruto), a mangaba ou o araticum; as pamonhas assadas, doces ou salgadas (com queijo e linguiça), das irmãs Ordean e Ana Floriano, que as servem diariamente numa lojinha simples do Centro (Pamonharia Souza, av. Pref. Sizenando Jayme, 24); ou ainda as broas deliciosas — que me fizeram recordar as de Portugal, à base de erva-doce — servidas no Pireneus Café (na esquina da rua dos Pireneus com a pça. do Coreto), um ponto de encontro  também ele imperdível para ficar a ver a vida passar, sem correrias, em Piri.

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