[No topo, da esq. para a dir.: açaí e poções caseiras no Mercado Ver-o-Peso; em cima, da esq. para a dir.: mamões e venda de peixe no Mercado Ver-o-Peso, pato no tucupi do Lá em Casa (fotos JMS)] |
Com hotéis à disposição, houve quem achasse quase excêntrico o meu desejo de ficar numa pousada, a Portas da Amazônia. Só que, para lá do charme inegável da mesma, muitos desconhecem que sua localização, junto à Catedral da Sé e em plena Cidade Velha, não só me permitiu passar rapidamente em revista curiosidades incontornáveis como a Casa das Onze Janelas ou o forte, como me deu um ensejo extra para levantar cedo e caminhar até à beira-rio, passando pela Avenida Portugal, e ao Mercado Ver-o-Peso.
Elevado à categoria de atração turística, o mercado, com uma estrutura de ferro importada da Inglaterra, é um algo a que não se fica indiferente. Começa a funcionar logo de madrugada, altura em que os barcos atracam carregados de peixe, mas também de frutas (como o açaí ou a castanha do Pará, também conhecida por castanha do Brasil) e um sem-número de ingredientes produzidos no interior do estado que, somados a raízes, essências, temperos, ervas, artesanato, comes e bebes, fazem dele um acontecimento diário.
[Fábio Sicilia (foto PSR/Rotas), do Dom Giuseppe; Thiago Castanho (foto D.R.), do Remanso do Peixe; e Daniela Martins (foto PSR/Rotas), do Lá em Casa] |
Acabo por eleger três exemplos que têm em comum a juventude, mas também o fato de estarem a perpetuar, e a aprimorar, um legado familiar. Falo de Thiago Castanho, apontado como a “revelação” de 2010, que coloca ao serviço do Remanso do Peixe uma cozinha de pesquisa de onde saem pratos como o pirarucu fumado com leite de coco, banana, ameixa e caju; mas também de Fábio Sicília, do Dom Giuseppe, eleito chef do ano em 2010 e presença habitual em programas de televisão local, que, com mestria, funde a técnica italiana com ingredientes amazônicos (como sua receita de peixe no tucupi); ou ainda de Daniela que, no Lá em Casa, dá continuidade às receitas criadas pelo seu pai, Paulo Martins (figura maior e grande divulgador da gastronomia amazônica, entretanto falecido). Aliás, foi no seu buffet de almoço que me deram a provar o famoso prato regional pato no tucupi que, entre outras coisas, leva o jambu. Conhecido por agrião do Pará, é semelhante a uma couve azeda, com a particularidade de possuir uma flor que, quando trincada, provoca uma certa dormência na boca.
Remanso do Peixe | Tr. Barão do Triunfo, 2590, casa 64 (Marco), tel. 3228 2477
Lá em Casa | Estação das Docas, tel. 3212 5588
Dom Giuseppe | Av. Cons. Furtado, 1420 (Batista Campos), tel. 4008 0001
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