[Grafite da Vila Madá (©joão miguel simões, todos os direitos reservados)] |
Eu sei.
Antes mesmo de lerem o resto, muitos já vão me condenar só pelo título deste post. Sábado relax, na Vila Madalena?!?!
Concedo que, assim de primeira, não é uma evidência mesmo. O mapa da mina de Vila Madá há muito que foi descoberto e o bairro boêmio e artístico (não, eu jamais vou aderir a essa modinha infame de escrever "artsy" para parecer cool) é agora uma quase unanimidade, o que, claro, tem seu preço...
[Um dos parques da Vila Madá, só para provar que a vida continua bucôlica por ali (©joão miguel simões, todos os direitos reservados)] |
... sobretudo na hora de achar uma vaga para o carro ou de conseguir uma mesa...
Mas não é impossível. Longe disso.
Umas das ruas que mais gosto de percorrer, de frente para trás, de trás para a frente, é a Fradique Coutinho.
São várias as opções por ali e muitas as combinações possíveis, mas um sábado relax, para mim, virou sinônimo de três rituais bem simples.
[Balcão do AK/Vila (©joão miguel simões todos os direitos reservados)] |
#1 Um almoço tardio e preguiçoso no Ak/Vila, da chef Andrea Kaufman, que inaugurou o ano retrasado. Eleito logo de caras como o melhor de São Paulo em 2011/12, na categoria "variado", pela edição "Comer & Beber" da Veja, o Ak/Vila é charmoso sem ser pretensioso, tem uma clientela classuda e um custo-benefício razoável para a média paulistana.
[O AK Burger (©joão miguel simões, todos os direitos reservados)] |
O cardápio é rotativo e tem várias coisas boas, mas, confesso, eu vou ali mesmo é para me regalar com o Ak Burger, que leva queijo brie, pastrami de língua, cogumelos e cebola grelhada (vários acompanhamentos, mas eu vou mesmo de batatas rústicas). Delicinha!
[A torta do AK/Vila (©joão miguel simões, todos os direitos reservados)] |
Na sobremesa, fico na dúvida cruel: como ou não? Quando eu chegar ao ritual #2 vão perceber porquê... Mas, o mais certo é não resistir mesmo à pecaminosa (de tão boa) torta de musse com caramelo salgado.
[A Feira Moderna (foto de divulgação)] |
#2 A dúvida tem uma razão bem simples de explicar: é que justo na porta ao lado do AK fica a Feira Moderna, o único lugar em São Paulo (que eu saiba) onde se vende sorvete da Cairu!
[A Feira Moderna (©joão miguel simões, todos os direitos reservados)] |
Já falei aqui da Cairu, que descobri em Belém do Pará, e não é segredo que sou fissurado em seus sorvetes. Claro, a oferta é mais limitada na Feira Moderna (há açaí, tapioca, muruci, carimbó, doce de leite...), mas já está valendo.
[A Feira Moderna (foto de divulgação)] |
O café da Feira Moderna, o Astro comandado por dona Neuza, também serve comidinhas, mas nunca provei. Para mim, além dos sorvetes, a pedida é mesmo a loja, onde encontro objetos, vestuário e calçado procedentes de várias regiões do Brasil e do mundo, executados com primor pela dona, a Suely Galdino, e por artesãos e artistas de mão cheia.
[A fachada do casarão que abriga o Coffee Lab (©joão miguel simões, todos os direitos reservados)] |
#3 Já deu para reparar que ainda não fiz uma única menção à palavra "café"?
[Jeitinho de quintal da vó, não? (©joão miguel simões, todos os direitos reservados)] |
Pois, foi de propósito.
[Os detalhes fazem a diferença, como o São Benedito e sua xícara diária de café (©joão miguel simões, todos os direitos reservados)] |
É que, por mais voltas que eu dê na Fradique Coutinho, café eu só tomo num lugar: Coffee Lab.
[Coffee Lab (©joão miguel simões, todos os direitos reservados)] |
Comecei a frequentar o Coffee Lab bem na época em que ele foi eleito o melhor café de São Paulo pelo júri da edição "Comer & Beber 2011/12" e logo se notou um acréscimo do movimento de curiosos e aficionados.
[O café expresso (R$4) degustado numa xícara maior (©joão miguel simões, todos os direitos reservados)] |
Projeto de Isabela Raposeiras, a barista brasileira do momento que teve seu blog agregado à página da folha.com (não é para todos), o Coffee Lab é um laboratório de torra, degustação e preparação de cafés e isso, meus caros, faz toda a diferença.
[Também não faltam comidinhas como o Tostex, feito em pão de brioche, com queijo de Minas a R$9 (©joão miguel simões, todos os direitos reservados)] |
O lugar não é grande, mas tem jeito de sala de estar, super informal, acoplada à cozinha onde os baristas, de macacão cinza, recebem os pedidos, explicam cada coisa com a maior das boas vontades e preparam tudo, à vista de todos, na hora.
[O aeropress, um café coado sob pressão a R$6 (©joão miguel simões, todos os direitos reservados)] |
Raposeiras trabalha com micro-lotes de café e pratica uma abordagem eco-social, o que equivale a dizer que não usam canudos nas bebidas (por serem fabricados com petróleo), não vendem garrafas de água (água filtrada à disposição e sem custos) e reciclam o vidro, só para dar alguns exemplos.
[O Shakeratto (R$7), café gelado misturado com água gaseificada, ótimo nos dias de calor (©joão miguel simões, todos os direitos reservados)] |
E não é muita frescura só para beber um café?
[Frapê de Cappuccino, que leva ameixa seca como emulsificante natural (©joão miguel simões, todos os direitos reservados)] |
Não acho. Para mais, à lista de cafés (podem ser pedidos à la carte ou apreciados em cinco rituais de degustação e harmonização, todos a R$5, para aprender a perceber as diferenças) somam-se ainda umas quantas comidinhas bem saborosas como o tostex de queijo de minas, o biscoito de polvilho com cream cheese temperado com flor de sal, o brigadeiro de café ou o sagu de café com creme de baunilha.
E para um sábado relax está de bom tamanho, certo?
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