[Abertura da reportagem de Búzios, na edição de fevereiro da "Volta ao Mundo" (direitos reservados)] |
Vou aproveitar que a minha reportagem de Búzios, produzida (com fotos do Fran Parente) para a edição de fevereiro da revista portuguesa de viagens "Volta ao Mundo" (ela chega ao Brasil com algum atraso, mas agora já está disponível em e-paper para quem se converteu a ler na tela do laptop, do celular ou do iPad), está quase, quase chegando às bancas para pegar uma carona e compartilhar com os leitores do blog mais algumas dicas.
Conclui uma coisa nesta minha última passagem por Búzios: por melhor que se esteja nas pousadas ou hotéis mais afastados, cedo ou tarde vai chegar o momento em que o desejo de ir à cidade falará mais alto, concordam?
Entre outras coisas, porque é ali que está concentrada a maior oferta de boas lojas e restaurantes. Apesar de “mignon”, o centro de Búzios, com destaque para a Orla Bardot e a rua das Pedras, dispõe de um muito razoável contigente de restaurantes afamados como o Sawasdee, o Satyricon ou o Bar do Zé.
Este último, fato curioso quando não é mais uma novidade, leva alguns ao engano por conta do nome. Na verdade, o que começou por ser uma modesta barraca de praia, onde se vendiam sanduíches, cresceu e virou, sem perder o jeito havaiano, uma casa charmosa e não-tão-barata-assim.
[A cumplicidade de Soledad com o chef do Bar do Zé (©joão miguel simões, todos os direitos reservados)] |
À frente do endereço, o empresário-surfista Zé (cujo verdadeiro nome é Estevão), um tipo boa pinta, e sua mãe, a chilena Soledad Garreton, também ela uma antiga surfista.
O surf está, aliás, nos genes desta família, pois Soledad conheceu seu marido, o médico João Batista Figueira de Mello, quando ambos surfavam na praia de Geribá e uns tempos depois, em 1969, fizeram questão de se casar na praia dos Ossos.
Boa, a estória, não? Nem que fosse só para a ouvir, já valia a ida ao Bar do Zé — a comida, achei um pouco pesada, ainda que saborosa, mas o ambiente à noite, com as velas acesas, é um charme.
[O mangue de Porto da Barra (©joão miguel simões, todos os direitos reservados)] |
Nos últimos tempos, porém, e contrariando a hegemonização do eixo Orla Bardot-rua das Pedras, surgiu um novo polo gastronômico em Porto da Barra, também conhecido por Manguinhos devido ao mangue que preserva até hoje.
[O mangue foi incorporado nos ambientes do Quadruci (©joão miguel simões, todos os direitos reservados)] |
Sempre que se fala de novidades, os mais conservadores tendem a torcer o nariz e demoram a mudar velhos hábitos. Certo é que, descontada a distância (de táxi, a partir do centro, dá uns R$15-18), o polo de Manguinhos, com 11 restaurantes e espaço de sobra para galerias e lojas, tem seu encanto. Sério, achei mesmo.
[O lounge al fresco do Quadrucci (©joão miguel simões, todos os direitos reservados)] |
Aberto para o mar, com resquícios de um antigo porto ligado ao tráfico de escravos, Manguinhos pode nunca ter convencido como praia (o mar mais nervosinho é bom para a prática de kite e windsurf), mas enquanto colônia piscatória, com o mercadão de peixe mais tradicional da cidade, vingou.
[Grandes janelões permitem não perder o cenário quando se está no Quadrucci (©joão miguel simões, todos os direitos reservados)] |
Por isso mesmo, e até ver, imperou o bom senso de manter, lado a lado, essas duas realidades. Casas de primeira linha, como o Zuza, o Hedonista ou o Anexo, contam-se entre as pioneiras que apostam suas fichas neste centro de animação praiano, mas, sem dúvida, é a filial do restaurante carioca Quadrucci quem mais dá no olho.
[Linda a vista, não? (©joão miguel simões, todos os direitos reservados)] |
Uma passarela de madeira, suspensa sobre o mangue, dá acesso ao restaurante, projetado como uma caixa de vidro pela arquiteta Bel Lobo, que incorporou algumas árvores em seu décor e se divide em vários ambientes que, consoante a hora do dia ou da noite, mudam de personalidade.
[O polvo grelhado com arroz do Quadrucci (©joão miguel simões, todos os direitos reservados)] |
Cientes de que a concorrência é feroz, os sócios Mário Fonseca, Eduardo Bellizzi e Eduardo Sidi não se pouparam a esforços para dar um twist brasileiro à cozinha italiana que lhes serve, desde sempre, de base, mas têm bem claro que o Quadruci-versão-Búzios funciona também como um clube de praia e daí a aposta em drinques espirituosos como as caipilés.
[Lulas, camarões, polvo e demais frutos do mar, um prato que sai muito no Quadrucci (©joão miguel simões, todos os direitos reservados)] |
E o que são caipilés? Simples, são caipirinhas que misturam frutas como o morango ou a uva com picolés como explica, divertida, Sheila Carvalho, a relações públicas do Quadruci que morou em Portugal e recebe os clientes da “terrinha” com um brilhozinho nos grandes olhos azuis.
Este verão será decisivo para valiar até que ponto Manguinhos é uma alternativa credível ao centro; capaz inclusive de disputar, mano a mano, os mais baladeiros. Quem viver, verá.
Bar do Zé | Rua José Bento Ribeiro Dantas, 382, Búzios, tel. 22 2623-4986
Sem comentários:
Enviar um comentário