11.8.12

#comidinhas e uns bons drinques: quando às tapas do ¡venga! se juntam os drinques do português joão eusébio e os petiscos do brasileiro rafa costa e silva

[O balcão, ou a "barra", do ¡Venga! (©joão miguel simões, todos os direitos reservados)]

Quem quiser aproveitar a Tapas Week em São Paulo, só tem até amanhã, dia 12. Trata-se de uma iniciativa do turismo espanhol, que encontrou assim uma forma mais persuasiva — honrando a velha lógica de que um Homem também se prende pelo estômago — de promover a sua gastronomia popular na capital paulista.

O evento vai na terceira edição. Entre os restaurantes participantes está o bar de tapas espanhol ¡Venga!, que, desde novembro de 2011, tomou conta de uma das esquinas mais movimentadas da Vila Madalena, a dois passos  do Astor (que, já agora, faz parte, juntamente com o Original, o Pirajá, o BottaGallo, as pizzarias Bráz e Quintal do Bráz e a Lanchonete da Cidade, do mesmo grupo).


[Uma das tapas do ¡Venga! (foto de divulgação editada por jms)]

Sucesso quase unânime no Rio, onde conta com uma unidade no Leblon e outra em Ipanema, o ¡Venga! demorou um pouco mais, até onde sei, para engrenar em São Paulo. Não tanto pelo décor, que logo impressionou pela positiva, mas mais pela relação custo-benefício das tapas — porções reduzidas com preços muito altos, reclamaram alguns.

Acredito que a casa tenha sido sensível a esses primeiros ecos, até porque seus sócios não andam nisto a passeio. O certo é que, para quem interessar, durante a Tapas Week, o ¡Venga! juntou ao seu habitual cardápio duas opções especiais de menu: o de R$ 55 dá direito a provar cinco tapas e uma sobremesa; o de R$ 62 junta à oferta uma taça de vinho.

Mas não foi este evento que me levou hoje a escrever aqui sobre o bar de tapas. Na verdade, eu andava cismado, fazia tempo, sobre o cardápio que o chef Rafa Costa e Silva criou para o ¡Venga! (disponível desde finais de maio). Quando soube que o mesmo poderia ser harmonizado com uma nova carta de drinques, bolada pelo barman português João Eusébio, não deu outra; fui até lá conferir.

[Rafa Costa e Silva, do Mugaritz para o Rio (foto de divulgação editada por jms)]

Começo por Costa e Silva. Depois de uma temporada de cinco anos no Mugaritz — nos arredores de San Sebastián (Espanha) e eleito o terceiro melhor restaurante do Mundo em 2012 (The World's 50 Best, da revista britânica "Restaurant") —, o chef carioca está de volta ao Brasil e deve inaugurar, em outubro se tudo correr como previsto, um restaurante próprio no Rio (mais propriamente em Botafogo depois de ter desistido da ideia de se fixar na Serra Fluminense).

[A gostosa costilla de cerdo de Rafa Costa e Silva (foto de divulgação editada por jms)]

Enquanto isso não acontece, e aos 33 anos, é ele quem assina um cardápio especial no ¡Venga!, onde, a par de alguns clássicos da casa repaginados, incorporou novidades inspiradas na modernidade da cozinha basca como o falso risotto (R$ 18) — massa tipo “orzo”, com jamón e parmesão —, o Pintxo Euskadi (R$ 14) — que leva alioli de ciboulette, ovo e pimiento de piquillo sobre pan frito — ou a Costilla de cerdo (R$ 20) — costela de porco caramelizada com compota de maça verde.


[Gin tônica (foto de divulgação editada por jms)]

Este último petisco foi, precisamente, um dos que provei (e mais gostei) quando ali estive. Acompanhei com um gin tônica (R$ 25) da nova carta de coquetéis. É um drinque que não passa de moda em Espanha (daí o regresso, em grande estilo, assinalado em vários endereços descolados de São Paulo) e que nesta versão do João Eusébio leva citronela (da família do capim-santo), um gomo de laranja e outro de grapefruit. No ¡Venga!, como também no Astor, detalhe importante, ele é servido em copo balão e não em copo longo como era habitual (e ainda é em muitos outros bares mundo afora).


[O português João Eusébio foi quem assinou a primeira carta de coquetéis do ¡Venga! (foto de divulgação editada por jms)]

Sobre o João, um português que vive há vários anos em Espanha, tive oportunidade de trocar algumas impressões com ele. A proposta de assinar uma carta de coquetéis espanhóis (ou de inspiração espanhola, pelo menos) surgiu em fevereiro deste ano através de um amigo comum que o colocou em contato com Fernando Kaplan, um dos sócios do ¡Venga! A partir daí foram falando por e-mail e Skype.


[A Caipiriña ¡Venga! (©joão miguel simões, todos os direitos reservados)]

E não é que, mesmo à distância, a parceria deu certo? João, de apenas 33 anos, se formou em Portugal mas foi em Barcelona [no célebre Dry Martini] que ganhou fama como barman; depois de sair de lá, criou todo o conceito do Multis Private Club, o primeiro do género na cidade, e lançou um livro de coquetéis, "Jigg It". Hoje está diretamente ligado à Magatzem Escolà, uma das principais distribuidoras de vinhos e destilados da região da Catalunha. 


[A brandade de bacalao com a caipiriña (©joão miguel simões, todos os direitos reservados)]

É o primeiro a confessar que, à exceção da sangria, não existe propriamente drinques cem por cento espanhóis, por isso o que fez para o ¡Venga! foi "trazer os aromas mais típicos de Espanha e fundi-los com os do Brasil, como aconteceu com a Caipiriña ¡Venga!" (R$ 18) — esta leva cachaça, Pedro Ximenez, maçã verde e limão Tahiti e, aceitando uma sugestão de quem me atendia, fiz questão de a degustar acompanhada de mais uma criação do Rafa, Brandade de Bacalao (creme de bacalhau com chips, R$ 16). Gostei da capirinha; não tanto da brandade, que achei meio sem graça (inclusive na ligação com os chips).


[El Born (foto de divulgação editada por jms)]

Para esta primeira carta exclusiva de coquetéis do ¡Venga!, João diz que apostou no equilíbrio e em produtos de ótima qualidade que fossem divertidos de misturar. Isso justifica que haja drinques pensados mais para o final da tarde — como o Rebujito (R$ 20), clássico refrescante da Andaluzia feito com Jerez Fino e refrigerante de limão, ou o Draque (R$ 18), combinação de cachaça, angostura bitter, refrigerante de limão, hortelã e limão Tahiti que terá sido levada para Cuba pelo pirata Francis Drake —, outros para serem tomados como aperitivos — como a já citada caipiriña — e ainda os que se prestam mais ao final da noite, depois do jantar — como o gin tônica.


[Granada (foto de divulgação editada por jms)]

Ao todo, entre criações próprias e releituras, João assinou nove coquetéis para o ¡Venga! Além dos que mencionei, há ainda El Born (R$ 27), que leva gin, licores de laranja e de lichia, água tônica e suco de limão siciliano; o Granada (R$ 25), feito com rum, licor de lichia e vinho Pedro Ximenez; o Madrid (R$ 27), vermute Rosso misturado com gin, bitter de laranja e licores Maraschino e de canela; o Ruzafa 
(R$ 27), suco de laranja, Bourbon e licor de amora.


[Bilbao (©joão miguel simões, todos os direitos reservados)]

Não tive estômago para provar todos — nem era esse o objetivo —, mas encerrei a minha noite com o Bilbao (R$ 27), serviço em taça de coquetél e preparado com água de flor de laranjeira, sucos de limão siciliano e de cranberry, além do licor Patxarán (típico do País Basco). 


Rua Delfina, 196, Vila Madalena – São Paulo, tel. (011) 3097-9252. Aberto à seg., entre as 18.00 e a 01.00; ter. e qua., entre as 18.00 e as 02.00; qui. e sex.,  entre as 18.00 e as 03.00; sáb., entre as 12.00 e as 03.00; dom., entre as 12.00 e as 18.00.

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