8.12.11

#hotéis de charme: a nova ala do insólito boutique hotel, em búzios (RJ)


Apontado como o melhor, e mais exclusivo, hotel de Búzios, o Insólito Boutique Hotel, que apostou num design apurado desde a primeira hora, despede-se de 2011 — e saúda 2012 — com uma nova ala vintage inspirada no modernismo brasileiro.

[Capa da edição de Dezembro 2011 da Casa Vogue Brasil (foto com direitos reservados)]

Era, mais ou menos, assim que eu tinha imaginado abrir a matéria que chegou este mês às bancas, na belíssima edição de Dezembro da Casa Vogue Brasil dedicada ao Rio.

[A primeira dupla da matéria na Casa Vogue Brasil dedicada ao insólito (foto com direitos reservados)]

Mas, na escrita, como em tantas outras coisas da vida aliás, somos muitas vezes obrigados a rever, a editar e, palavra terrível para é quem do ramo, a cortar texto.

[A terceira página da matéria (foto com direitos reservados)]

A matéria sobre a nova ala do insólito não foi exceção, mas, de todas as formas, a versão final (com direito a uma prévia aqui) é motivo de orgulho para quem fez (e nisso incluo, claro, as fotos do Fran Parente) e, espero, um regalo para quem vê.

[Fitinhas do Bonfim e brigadeiro de caneca na versão estilosa do Insólito para dar as boas-vindas em vários idiomas (©joão miguel simões, todos os direitos reservados)]

Mas chega de preâmbulos, né? O que eu quero mesmo é compartilhar aqui uma versão mais longa do texto, incluindo vários detalhes e dicas que não couberam na edição final.

[No topo: uma piscina aquecida, no deque da nova ala, juntou-se às outras duas já existentes, como a de água salgada (acima). Ambas estão debruçadas para a praia da Ferradura (©joão miguel simões, todos os direitos reservados)]

Numa ponta da praia da Ferradura, com uma visão nanabesca da baia, o Insólito Boutique Hotel fica numa encosta de verde luxuriante sobranceira ao mar e vai descendo, através de deques sobrepostos, até tocar na areia.

[No topo: as alas do hotel são ligadas por deques e passadiços em madeira; acima: a sala comum da Casa Terra Brasil,  pioneira no Insólito (©joão miguel simões, todos os direitos reservados)]

Inaugurado há pouco mais de três anos, o Insólito, com sua arquitetura aberta, design apurado e conceito de hotelaria feita à medida, marcou um antes e um depois em Búzios.

[Azulejos são nota recorrente no insólito, aqui num detalhe à entrada da Casa Terra Brasil, onde fica o apartamento Outeiro da Glória (©joão miguel simões, todos os direitos reservados)]

Não mais do que uma dúzia de apartamentos temáticos, distribuídos por casas, marcaram a primeira fase do hotel e revelaram a marca pessoal que sua proprietária, a francesa Emmanuelle Meeus de Clermont-Tonnerre, fez questão de imprimir ao projeto.

[Mais detalhes que já faziam parte do encanto do Insólito (©joão miguel simões, todos os direitos reservados)]

Dois anos atrás, ela pressentiu que o hotel precisava crescer e conseguiu comprar a casa vizinha. Primeiro tratou de criar, entre o jardim e a praia, um beach lounge de três mil m2, deixando para 2011 a obra maior: transformar a casa numa nova ala temática.

[Uma terceira piscina, numa ala mais antiga, e uma das muitas mesas alfresco colocadas em recantos estratégicos do hotel (©joão miguel simões, todos os direitos reservados)]

“De uma certa forma, a parte antiga era muito ligada às raízes culturais brasileiras (…) faltava adicionar uma parte superinteressante: o modernismo e suas conseqüências. Por isso, a casa mais nova foi dedicada a este tema”, explica a advogada-hoteleira, para quem “o modernismo reflete o nascimento de uma arte que é fruto do encontro cultural de várias raças”.

[O bar, contíguo ao restaurante, fazem parte da nova ala (©joão miguel simões, todos os direitos reservados)]

Num nível mais baixo do terreno, mas ainda a pairar sobre o mar, a nova ala “pivoteia” em torno da piscina aquecida, o elemento central que liga, através de um deque em madeira e calçada, o restaurante, o bar, a sala e os quartos.

[A primeira parede vegetal do Rio junto ao bar e vários detalhes do café da manhã servido ali (©joão miguel simões, todos os direitos reservados)]

No restaurante, bem como no bar e na cozinha anexos, os azulejos gráficos, com motivos indígenas, são uma criação de Laura Taves e uma homenagem ao renomado mosaicista brasileiro Athos Bulcão. Não sendo uma base neutra, os azulejos poderiam marcar excessivamente o ambiente, mas acabam se harmonizando bem com a mesa de jacarandá, as poltronas “Tom Vac” de Ron Arad, as poltronas vintage de Jorge Zalszupin (adquiridas em um leilão de São Paulo) ou as fotos de Almir Reis. Como pano de fundo, o bar ganhou a primeira parede vegetal, qual jardim vertical, realizada num estabelecimento comercial do Rio.

[Duas criações de Matias Passadore: lagosta com risoto de banana terra e triologia de sobremesas (©joão miguel simões, todos os direitos reservados)]

A cozinha, franco-brasileira, está a cargo do chef uruguaio Matias Passadore e, por si só, merece que se faça ali uma extravagância mesmo não estando alojado no hotel.

[A sala comum da mais nova casa do Insólito (©joão miguel simões, todos os direitos reservados)]

À semelhança das outras casas, também a nova ala possui uma sala comum, aberta para o deque panorâmico. Desde logo, chama à atenção a mistura deliberada de móveis dos anos 50, como um sofá garimpado na Lapa (Rio), com tecidos bordados da Lightway, almofadas Livingstones e peças assinadas por Elma Chaves, autora da mesa de banquete em madeira bruta, ou Gaetano Pesce (são dele a Poltrona UP5+Pouf UP6).

[A poltrona e o pouf de Gaetano Pesce ou a livraria de Juliana Llussa são algumas das peças em destaque na nova ala (©joão miguel simões, todos os direitos reservados)]

Mais impactantes, a livraria, estante modular criada pela designer de móveis Juliana Llussa, e as obras em madeira e eucatex de Leme, artista plástico suíço, certificam o propósito de Emmanuelle em dar mais espaço à arte: “Quero que o lugar se transforme em uma permanente galeria de arte, para que ganhe vida”.

[Novo apartamento, o nº13, foi batizado de Latitude 15º e é inspirado no modernismo de Brasília (©joão miguel simões, todos os direitos reservados)]

Prontos a estrear neste Verão, os novos apartamentos, num total de nove, ficam nos fundos, virados para a praia. Com nomes próprios, cada apartamento é, tirando peças comuns como os tapetes de borracha trançada de Cecilia Machado, um mundo à parte. O nº13, por exemplo, foi batizado de Latitude 15° e traz referências claras à arquitetura modernista de Brasília. Já o nº16 (Quincas Berro D’água) foi inspirado na prosa de Jorge Amado e o nº17 (Capanema) no paisagismo de Burle Marx, ficando o elogio à marcenaria brasileira por conta do nº18 (Jacarandá).

[Mais um dos novos, o nº19, batizado de Melindrosa (©joão miguel simões, todos os direitos reservados)]

Merecem ainda destaque o nº19 (Melindrosa), que usa o design gráfico de J. Carlos na cabeceira, e o nº21 (Udigrudi), mergulhado em tons de azul, que homenageia sultimente o cinema underground.


[E ainda outro dos novos, o nº21, em tons de azul (©joão miguel simões, todos os dirteitos reservados)]


No fundo, cada um deles conta um capítulo da história do modernismo brasileiro e todos juntos assinalam uma nova fase na cronologia ainda breve de um hotel que procura se reinventar.

5.12.11

#gastronomia: o novo restaurante de thiago castanho em belém (PA)

[Thiago Castanho a solo (fotografado por Ligia Skowronski), e com seu irmão Felipe (abaixo, foto de divulgação)]

Quando estive tempos atrás em Belém do Pará — ler aqui —, Thiago Castanho acabara de ser eleito chef revelação pela edição de 2011 do guia "Quatro Rodas" e começava, muito por ter caído nas boas graças da mídia, a ser conhecido pelo grande público no resto do Brasil.

Nada mau para um cara de apenas 22 anos (agora tem 23) que, depois de se formar no Senac e de estagiar por seis meses em Lisboa com o Vítor Sobral (o chef portuga, sócio da Tasca da Esquina paulistana, tinha na altura o restaurante Terreiro do Paço), não se fez rogado em dar um novo rumo ao negócio da família em Belém.

[A fachada do novo Remanso, com o Bosque Rodrigues Alves refletido (foto de divulgação)]

Thiago colocou, graças à sua cozinha-laboratório e a criações como o pirarucu defumado com leite de coco, banana, ameixa e castanha-do-pará, o Remanso do Peixe na wishlist de todos os bons garfos e ficou, desde então, debaixo d'olho de todos aqueles que seguem de perto estas coisas da gastronomia e dizem quem é quem no Olimpo dos chefs.

[O Remanso do Bosque visto de fora (foto de divulgação)]

Thiago soube aproveitar a maré a seu favor (e da gastronomia paraense) e tem usado seu tempo de antena para se impor com um dos percursores da nova cozinha brasileira que não sabe mais viver sem os produtos amazônicos.

[É assim o salão principal, com capacidade para 150 pessoas (foto de divulgação)]

Hoje, 5 de dezembro de 2011, ele vai um pouco mais além, pois acaba de abrir oficialmente as portas — houve um jantar especial antes, no dia 3, com a colaboração de Raphael Despirite, do Marcel de São Paulo, e pratos harmonizados com vinhos portugueses Esporão, Crasto e Murças (todos distribuídos pela importadora brasileira Qualimpor) — do Remanso do Bosque, também na capital paraense.


[Felipe Castanho, recém-formado, segue as pisadas do irmão (foto de divulgação)]


Anunciado há muito, o Remanso do Bosque [Rodrigues Alves], que conta ainda com a parceria de seu irmão Felipe Castanho (que se formou em gastronomia e quer seguir suas pisadas), possui um salão com capacidade para 150 pessoas e terá como foco principal receitas feitas na brasa e no fogão a lenha para tirar todo o partido de ingredientes como o peixe ou a pupunha.

[Ambiente do bar (foto de divulgação)]

O Remanso do Bosque possui ainda um espaço, no piso superior, para eventos, degustações e aulas e um outro, à entrada do restaurante, que deverá funcionar como um pequeno empório gourmet.

[Uma foto dos bastidores do novo Remanso, compartilhada pelo próprio Thiago via Instagram (foto com direitos reservados)]

Travessa Perebebui, 2350, Marco (Belém do Pará), tel. (91) 3347 2829, servr almoços e jantares

24.10.11

#gastronomia: taberna 474, petiscos portugueses em SP


[O primeiro ambiente da Taberna 474, que funciona mais como bar (foto de divulgação)]


Não há fome que não dê fartura.

Meses atrás, termos do português de Portugal como tasca ou taberna não tinham entrado no vocabulário dos paulistanos. Hoje, há quem ainda não tenha dado por elas, mas, comparadas aos botecos, já provaram que, mesmo tendo muito pouco de rústicas ou de modestas, a cozinha portuguesa, com seus petiscos e pratos de "résistence" devidamente revisitados, não é só bacalhau e não precisa ser servida apenas em ambiente senhorial (com altos preços a condizer).

[O restaurateur Ipe Moraes,a face mais visível da nova Taberna 474 (©tadeu brunelli)]

A mais recente de todas — até ver — responde pelo nome de Taberna 474 e fica quase na divisa com o bairro de Pinheiros, mas ainda no Jardim Paulistano, na esquina das ruas Sampaio Vidal e Maria Carolina. Inaugurou no dia 5 de Outubro, mas eu só fui conhecê-la há pouco mais de uma semana.

Com provas mais do que dadas na Adega do Santiago e no Bottagallo, o empresário Ipe Moraes é a face mais visível da taberna, que se divide em dois ambientes (um é mais bar, o outro é mais um comedor) e leva a assinatura de seu amigo Carlos Motta, que caprichou na madeira de peroba demolida e no ferro forjado para criar a ilusão de um casco de barco e imitar a informalidade de uma casa praiana.

A ideia pode parecer, à primeira vista, algo descabida, mas tem sua razão de ser. Conhecedor de Portugal e das novas e antigas tascas lisboetas, Ipe Moraes quis trazer para a Taberna 474 a cozinha tradicional portuguesa, embora aligeirada, com incursões pelas bodegas espanholas (mas que está muito mais presente na casa-irmã Adega do Santiago) e pelo litoral brasileiro, daí as mandiocas, as cumbucas de barro e as farofinhas.

Mas o foco é português e foi principalmente isso que me levou até lá.

[Salão e bar da Taberna 474 (foto de divulgação)]

Ninguém ainda esqueceu que no lugar da Taberna 474 existia o Bar do Léo, que ficou "famoso" no bairro por ser praticamente vizinho de uma agência de modelos. Talvez por isso mesmo, a componente bar está, de caras, muito presente na nova casa de Ipe. Começo por passar os olhos pela carta de vinhos e cervejas. 

[A carta de coquetéis  (clicar para aumentar e ler)]

Equilibrada entre opções portuguesas e espanholas (150 rótulos), não se pode dizer que seja barata, mas também não destoa dos preços atualmente praticados em São Paulo, com vinho a copo (taça) desde R$18. Cervejas são cerca de 30, entre artesanais e de casco.

[O Porto Tônico com bases para taças que levam o nome de ruas lisboetas (foto de divulgação)]

É, porém, na carta de coquetéis que a taberna logo me ganhou ao incluir o Porto Tonic (R$23) entre seus drinques. Uma óptima alternativa à gin tônica, ele leva Porto branco seco, água tônica e hortelã, sendo cada vez mais uma aposta da região do Douro (onde se produz o afamado vinho) para chegar a novos públicos que não têm o costume de beber Porto.

[O cardápio  (clicar para aumentar e ler)]

Por sua vez, no couvert da Taberna 474 agradou-me, desde logo, a inclusão de azeitonas temperadas e o preço justo (R$4,90). As amêndoas torradas, que em Portugal são servidas sobretudo como aperitivo, são um mimo que cai igualmente bem.

[Prato de Peixes Frescos e Camarão (foto de divulgação)]

Como tinha companhia para o almoço, depressa se concluiu que a melhor pedida seria mesmo compartilhar, não só como entradas mas também como pratos, vários dos Petiscos que abrem a carta. No capítulo Do Mar, fomos logo mandando vir o Prato de Peixes Frescos e Camarão (R$49). Muito bem temperados com azeite, limão e pimenta do reino, tanto os peixes como o camarão são servidos crudos, fatiados muito fininho, tal como num carpaccio. Aprovado!


[Mexilhões à Bulhão Pato (©joão miguel simões, todos os direitos reservados)]

Seguinte: Mexilhões à Bulhão Pato (R$39). Em rigor, a receita original pede amêijoas e não mexilhões, mas Ipe ainda não conseguiu arranjar um fornecedor no Brasil à altura. É pena, pois as amêijoas (desconhecidas para a maioria) resultam melhor e seu caldo é mais saboroso para juntar ao molho que leva ainda vinho branco, coentros picados, alho, azeite e pimenta. É o tipo de coisa que deve ser comida à mão e sem a menor cerimônia em enfiar logo o pão no molho.

[Espetada de Camarão, Lula e Bacon (©joão miguel simões, todos os direitos reservados)]

Alguém me conta que Ipe, numa de suas viagens a Portugal, descobriu uma receita de espetadas e não resistiu a inclui-la no cardápio. Vem com camarão, lula, bacon e folhas de louro e sai por R$42.

[Tostada de Queijo Fresco, Tomate e Tomilho (©joão miguel simões, todos os direitos reservados)]

Na seção Petiscos, opção Da Terra, é, arrisco a dizer, onde o cardápio da taberna faz uma maior cedência ao quinhão espanhol da casa, aqui presente sob a forma do jamón, das tostadas — e provei uma delas, semelhante aos torricados servidos em Portugal, com queijo fresco, tomate e tomilho (R$17) —, queijo Manchego ou ainda um toque brasileiro por conta da deliciosa Mandioca Crocante. 

[Favas com Chouriço (foto de divulgação)]

Mas o quinhão maior é luso e, em matéria de variedade pelo menos, não há do que reclamar. Entre os vários pratos, vi no cardápio Favas com Chouriço, Queijo Serra da Estrela (a montanha mais alta de Portugal, onde se produz este delicioso queijo amanteigado), Rojões (iscas de filé) à Moda da Casa ou Alheiras (a tradição manda que a carne de porco seja substituída pela carne de aves), o embutido que vem conquistando o paladar dos paulistanos.

[Salada de Camarão e Lula na Chapa, Verdes, Brotos e Manga (©joão miguel simões, todos os direitos reservados)]

Na seção de cozinha mais robusta da taberna, escolhi apenas, entre as quatro opções disponíveis, uma Salada de Camarão e Lula na Chapa, Verdes, Brotos e Manga (R$41). Uma escolha feliz para quem quer sair de consciência leve.

[Bacalhau ao Forno, Grão de Bico e Brócolis na seção de pratos mais "robustos"  (foto de divulgação)]

Mas não seria nem justo não fazer menção aos outros pratos que Ipe selecionou para o cardápio. Nas carnes, quatro bifes que honram a tradição das cervejarias lusas (por regra são filé-mignons ou contra-filés servidos com fritas, ovo frito e molhos espessos e fortes); na brasa e chapa, há bacalhau, Prime Rib, lula, polvo, mas vale a pena destacar a boa intenção da casa em servir sardinha grelhada com sal, sem maiores artifícios tal como se faz no Verão em Portugal (é um dos petiscos das festas juninas); na cozinha da taberna, o Arroz de Camarão é, por certo, uma homenagem ao Arroz de Marisco (frutos do mar) que tanto se serve do outro lado do Atlântico, mas há ainda Pataniscas de Bacalhau (empanados) com Arroz e Feijão, dois senhores pratos de bacalhau e polvo, além de uma versão própria do Arroz de Pato, entre outros.



[As Azevias com Sorvete de Coco num primeiro plano, com o Toucinho do Céu mais atrás (©joão miguel simões, todos os direitos reservados)]


Dispensei os pratos principais, mas não abri mão das sobremesas. Uma vez mais com a cumplicidade de quem me acompanhava à mesa, foram pedidas três para degustação coletiva da seguinte lista:

BOMBA DE CHOCOLATE AMARGO – R$9,00
TOUCINHO DO CÉU – R$9,00 
BOLO DE TANGERINA COM CLEMENTINE– R$8,50 
CRUMBLE DE MAÇA COM SORVETE DE GENGIBRE – R$ 12,00 
AZEVIA COM SORVETE DE CÔCO – R$ 11,00 
ARROZ DOCE – R$ 8,50 
RABANADA COM SORVETE DE BAUNILLHA – R$ 9,00 
SORBET DE TANGERINA – R$ 6,00 
SORBET DE LIMÃO SICILIANO – R$ 6,00 
PICOLÉ DILLETO – R$ 8,50 
TAÇA DA TABERNA – R$ 12,00 
FRUTAS DA ESTAÇÃO – 6,50 

O Toucinho do Céu é um dos doces mais celebrados de Portugal, mas foi criado na região de Trás-os-Montes no século XIX. Leva ovos, açúcar e amêndoas e não é nada fácil achar o ponto certo. O da Taberna estava francamente bom e foi, das que provei, a sobremesa que mais me agradou do trio.

As azevias (por regra, no recheio vai ou batata-doce ou grão), tal como as rabanadas, são doces fritos servidos sobretudo na época natalícia, por isso achei um pouco inusitado — embora não fora de propósito — vê-las como sugestão para o dia a dia. Acertada, porém, a combinação com o sorvete de coco. 

Foi me dito que o bolo de tangerina (nome por que é conhecida a mixirica em Portugal) é um dos cartões de visita da casa. Achei gostoso, mas não me entusiasmou para além da conta.

[Outro ambiente, o salão dos fundos (foto de divulgação)]

Para encerrar o repasto, um café expresso servido a preceito, com pau de canela para aromatizar. Antes de sair, aproveitei o pretexto da chuva lá fora para ficar também a conhecer o salão dos fundos da taberna, com menos cara de bar e mais ar de restaurante mesmo. 

De um modo geral, a mais nova proposta de Ipe Moraes superou até minhas expectativas. Acertos vão ser feitos, com  toda a certeza, em função da demanda e reação da clientela — e para já as opiniões ouvidas são muito favoráveis —, mas é uma releitura bem intencionada da gastronomia mais popular de Portugal e, ao torná-la acessível e próxima a um público mais jovem, presta-lhe um bom serviço.

Rua Maria Carolina, 474, Jardim Paulistano (SP), tel. 11 3062-7098, de ter. a qui., entre as 17.30 e as 12.00; de sex. a sáb., entre as 12.00 e as 00.00; ao dom., entre as 12.00 e as 22.30

21.10.11

#comidinhas: café da manhã na julice boulangère (SP)

[Um dos kits disponíveis de café da manhã na Julice Boulangère (acima, foto de divulgação) e close dos três tipos de pães servidos em todos os kits (abaixo, ©joão miguel simões)]

Tenho, já assumi aqui por mais de uma vez, um certo xodó pelo bairro paulistano de Pinheiros.

Que ficou ainda mais acessível, desde Setembro último, graças à nova linha 4 do metrô (a amarela). Por isso mesmo, numa manhã de preguiça consentida em plena semana útil, nem pensei duas vezes: peguei o metrô para a estação Faria Lima e, ali desembarcado, fiz depois uma pequena e revigorante caminhada até à Julice Boulangère, frente ao supermercado Mambo

[O sobrado de Pinheiros onde fica a Julice Boulangère (foto de divulgação)]

Endereço sobejamente badalado nos últimos tempos, não vou propriamente revelar o mapa da mina, mas uma enquete rápida junto de alguns amigos paulistas depressa me confirmou a suspeita de que ainda há muito boa gente que não se deu conta do óbvio: a Julice serve, no presente, um dos melhores cafés da manhã da cidade.

[A entrada da Julice Boulangère (foto de divulgação)]

Corrijo: não um, mas quatro, pois são quatro as possibilidades (ou kits, como entenderam lhes chamar) com combinações e preços diferentes.

[O padeiro francês Didier Rosada e Julice Vaz (foto de divulgação)]

A mentora do projeto é Julice Vaz, cada vez mais uma presença assídua em revistas e em programas de TV, e o sucesso crescente da casa só revela que seu faro estava certo quando resolveu investir a sério no negócio dos pães artesanais para bico fino.

[A loja da Julice Boulangère (foto de divulgação)]

Instalada num bonito sobrado de dois andares, tingido de um tom coral, com jardim a condizer, a padaria tem um gostinho a França que não é, claro, coisa do acaso. Depois de estudar panificação no Brasil, e de ter inclusive estagiado no Grupo Fasano, Julice Vaz rumou a São Francisco e a Nantes para se aperfeiçoar. 

[Outro ângulo da loja da Julice Boulangère (foto de divulgação)]

Voltou de lá encantada com o processo de fermentação levain (técnica de fermentação natural), que trata agora de aplicar nos cerca de 20 tipos de pães diferentes que produz, diariamente, e que se agrupam nas variedades de integrais, tradicionais e gourmet.

[O pátio ajardinado da Julice Boulangère (foto de divulgação)]

É o tipo de coisa que precisa ser vista, e saboreada, para ser devidamente apreciada. Mas desde já fica o aviso: não é nada fácil sair da loja de mãos e estômago vazios. Não bastasse a visão tentadora dos pães, e seus doces aromas inebriantes, há ainda uma linha de geleias, chutneys, bebidas, mostardas ou bolos, entre outros produtos, que não lhe fica atrás.

[Alguns dos carros-chefe da padaria: pão de chocolate com ameixa (no topo), brioches integrais (acima, à esq.) e pão de linhaça com castanha do pará (fotos de divulgação)]

Refeições ligeiras fazem igualmente parte das opções, mas, arrisco-me a dizer, a grande sacada da Julice Boulangère foi mesmo fazer do ritual do café da manhã um pretexto para degustar seus vários tipos de pães e bolos.

[O kit 2 do café da manhã servido na Julice Boulangère (foto de divulgação)]

O dia mais concorrido para o fazer é, sem surpresa, o sábado. Se estiver sol então, é até mais do que provável que tenha de esperar por sua vez para se instalar numa das aprazíveis mesas que ficam abrigadas sob a pérgula.


[O pátio ajardinado da Julice Boulangère (foto de divulgação)]


O preço dos kits de café da manhã começa nos R$20 e vai até aos R$37. Já foi mais barato no início, mas continua a ter um ótimo custo-benefício. Na minha recente visita optei pelo kit 2 (R$27) que inclui suco de laranja, uma bebida à escolha (café, cappuccino ou chá), mamão-papaia, bolo do dia, manteiga, duas geleias e uma cesta com três pães à escolha.


[Outro ângulo do pátio da Julice Boulangère (foto de divulgação)]


Se a minha recomendação servir para alguma coisa, acrescento que sou completamente fã do pão de linhaça com castanha do pará, do brioche de farinha integral e do pão de chocolate com ameixa. Só não digo que são de comer e chorar por mais, porque as porções servidas são bem generosas, mas, na saída, é bem provável que se sinta tentado a levar mais alguns para comer depois em casa.


Sim, o risco de ficar dependente dos pães da Julice é grande.

Av. Deputado Lacerda Franco, 536, Pinheiros (SP), tels. 11 3097-9144 e 3097-9162, de seg. a sáb., entre as 8.30 e as 20.00
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...