Apontado como o melhor, e mais exclusivo, hotel de Búzios, o Insólito Boutique Hotel, que apostou num design apurado desde a primeira hora, despede-se de 2011 — e saúda 2012 — com uma nova ala vintage inspirada no modernismo brasileiro.
[Capa da edição de Dezembro 2011 da Casa Vogue Brasil (foto com direitos reservados)] |
Era, mais ou menos, assim que eu tinha imaginado abrir a matéria que chegou este mês às bancas, na belíssima edição de Dezembro da Casa Vogue Brasil dedicada ao Rio.
[A primeira dupla da matéria na Casa Vogue Brasil dedicada ao insólito (foto com direitos reservados)] |
Mas, na escrita, como em tantas outras coisas da vida aliás, somos muitas vezes obrigados a rever, a editar e, palavra terrível para é quem do ramo, a cortar texto.
[A terceira página da matéria (foto com direitos reservados)] |
A matéria sobre a nova ala do insólito não foi exceção, mas, de todas as formas, a versão final (com direito a uma prévia aqui) é motivo de orgulho para quem fez (e nisso incluo, claro, as fotos do Fran Parente) e, espero, um regalo para quem vê.
[Fitinhas do Bonfim e brigadeiro de caneca na versão estilosa do Insólito para dar as boas-vindas em vários idiomas (©joão miguel simões, todos os direitos reservados)] |
Mas chega de preâmbulos, né? O que eu quero mesmo é compartilhar aqui uma versão mais longa do texto, incluindo vários detalhes e dicas que não couberam na edição final.
Numa ponta da praia da Ferradura, com uma visão nanabesca da baia, o Insólito Boutique Hotel fica numa encosta de verde luxuriante sobranceira ao mar e vai descendo, através de deques sobrepostos, até tocar na areia.
[No topo: as alas do hotel são ligadas por deques e passadiços em madeira; acima: a sala comum da Casa Terra Brasil, pioneira no Insólito (©joão miguel simões, todos os direitos reservados)] |
Inaugurado há pouco mais de três anos, o Insólito, com sua arquitetura aberta, design apurado e conceito de hotelaria feita à medida, marcou um antes e um depois em Búzios.
[Azulejos são nota recorrente no insólito, aqui num detalhe à entrada da Casa Terra Brasil, onde fica o apartamento Outeiro da Glória (©joão miguel simões, todos os direitos reservados)] |
Não mais do que uma dúzia de apartamentos temáticos, distribuídos por casas, marcaram a primeira fase do hotel e revelaram a marca pessoal que sua proprietária, a francesa Emmanuelle Meeus de Clermont-Tonnerre, fez questão de imprimir ao projeto.
[Mais detalhes que já faziam parte do encanto do Insólito (©joão miguel simões, todos os direitos reservados)] |
Dois anos atrás, ela pressentiu que o hotel precisava crescer e conseguiu comprar a casa vizinha. Primeiro tratou de criar, entre o jardim e a praia, um beach lounge de três mil m2, deixando para 2011 a obra maior: transformar a casa numa nova ala temática.
[Uma terceira piscina, numa ala mais antiga, e uma das muitas mesas alfresco colocadas em recantos estratégicos do hotel (©joão miguel simões, todos os direitos reservados)] |
“De uma certa forma, a parte antiga era muito ligada às raízes culturais brasileiras (…) faltava adicionar uma parte superinteressante: o modernismo e suas conseqüências. Por isso, a casa mais nova foi dedicada a este tema”, explica a advogada-hoteleira, para quem “o modernismo reflete o nascimento de uma arte que é fruto do encontro cultural de várias raças”.
[O bar, contíguo ao restaurante, fazem parte da nova ala (©joão miguel simões, todos os direitos reservados)] |
Num nível mais baixo do terreno, mas ainda a pairar sobre o mar, a nova ala “pivoteia” em torno da piscina aquecida, o elemento central que liga, através de um deque em madeira e calçada, o restaurante, o bar, a sala e os quartos.
[A primeira parede vegetal do Rio junto ao bar e vários detalhes do café da manhã servido ali (©joão miguel simões, todos os direitos reservados)] |
No restaurante, bem como no bar e na cozinha anexos, os azulejos gráficos, com motivos indígenas, são uma criação de Laura Taves e uma homenagem ao renomado mosaicista brasileiro Athos Bulcão. Não sendo uma base neutra, os azulejos poderiam marcar excessivamente o ambiente, mas acabam se harmonizando bem com a mesa de jacarandá, as poltronas “Tom Vac” de Ron Arad, as poltronas vintage de Jorge Zalszupin (adquiridas em um leilão de São Paulo) ou as fotos de Almir Reis. Como pano de fundo, o bar ganhou a primeira parede vegetal, qual jardim vertical, realizada num estabelecimento comercial do Rio.
[Duas criações de Matias Passadore: lagosta com risoto de banana terra e triologia de sobremesas (©joão miguel simões, todos os direitos reservados)] |
A cozinha, franco-brasileira, está a cargo do chef uruguaio Matias Passadore e, por si só, merece que se faça ali uma extravagância mesmo não estando alojado no hotel.
[A sala comum da mais nova casa do Insólito (©joão miguel simões, todos os direitos reservados)] |
À semelhança das outras casas, também a nova ala possui uma sala comum, aberta para o deque panorâmico. Desde logo, chama à atenção a mistura deliberada de móveis dos anos 50, como um sofá garimpado na Lapa (Rio), com tecidos bordados da Lightway, almofadas Livingstones e peças assinadas por Elma Chaves, autora da mesa de banquete em madeira bruta, ou Gaetano Pesce (são dele a Poltrona UP5+Pouf UP6).
[A poltrona e o pouf de Gaetano Pesce ou a livraria de Juliana Llussa são algumas das peças em destaque na nova ala (©joão miguel simões, todos os direitos reservados)] |
Mais impactantes, a livraria, estante modular criada pela designer de móveis Juliana Llussa, e as obras em madeira e eucatex de Leme, artista plástico suíço, certificam o propósito de Emmanuelle em dar mais espaço à arte: “Quero que o lugar se transforme em uma permanente galeria de arte, para que ganhe vida”.
[Novo apartamento, o nº13, foi batizado de Latitude 15º e é inspirado no modernismo de Brasília (©joão miguel simões, todos os direitos reservados)] |
Prontos a estrear neste Verão, os novos apartamentos, num total de nove, ficam nos fundos, virados para a praia. Com nomes próprios, cada apartamento é, tirando peças comuns como os tapetes de borracha trançada de Cecilia Machado, um mundo à parte. O nº13, por exemplo, foi batizado de Latitude 15° e traz referências claras à arquitetura modernista de Brasília. Já o nº16 (Quincas Berro D’água) foi inspirado na prosa de Jorge Amado e o nº17 (Capanema) no paisagismo de Burle Marx, ficando o elogio à marcenaria brasileira por conta do nº18 (Jacarandá).
[Mais um dos novos, o nº19, batizado de Melindrosa (©joão miguel simões, todos os direitos reservados)] |
Merecem ainda destaque o nº19 (Melindrosa), que usa o design gráfico de J. Carlos na cabeceira, e o nº21 (Udigrudi), mergulhado em tons de azul, que homenageia sultimente o cinema underground.
[E ainda outro dos novos, o nº21, em tons de azul (©joão miguel simões, todos os dirteitos reservados)] |
No fundo, cada um deles conta um capítulo da história do modernismo brasileiro e todos juntos assinalam uma nova fase na cronologia ainda breve de um hotel que procura se reinventar.